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Caneca

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28/07/2021
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A diversidade é um tema cada vez mais presente e importante dentro das empresas. Muitas já têm plena consciência de como é fundamental ter equipes diversas e bem integradas para resultados mais produtivos. Isso vale para diversidade etária, de gênero, culturas, etnias e religiões. Mas será que a empresa em que você trabalha já coloca em prática um verdadeiro acolhimento e respeito à diversidade sexual dos profissionais? Ou este ainda é um assunto pouco debatido no seu ambiente de trabalho?

Com certeza, houve uma evolução significativa na última década em relação aos direitos LGBTQIA+ no Brasil, como o registro dos casamentos homoafetivos nos cartórios, com possibilidade de uso do mesmo sobrenome, direitos aos bens, pensão, adoção de filhos. E ainda a questão da aprovação do uso do nome social pelos transexuais, que puderam passar a ser chamados pelo nome com o qual se sentem mais à vontade. Além da equiparação da homofobia e transfobia ao crime de racismo e a própria liberação da doação de sangue para os homens homossexuais.

Muitas personalidades de diferentes áreas também passaram assumir publicamente sobre sua homossexualidade, servindo de exemplo para outras pessoas. O jornalista Marcelo Cosme, apresentador do Em Pauta, da Globonews, deu um depoimento durante o programa no Dia do Orgulho LGBTQIA+ e também já mencionou o assunto diversas vezes com total transparência. No início de julho, foi a vez do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) falar, pela primeira vez, abertamente sobre sua orientação sexual e dizer que não tem nada a esconder. O ator Carmo Dalla Vecchia também falou pela primeira vez publicamente sobre seu marido e fez um alerta para a violência contra transexuais. E agora durante as Olimpíadas de Tóquio, o grande sucesso nas redes sociais, com mais de um milhão de seguidores, é o atleta do vôlei Douglas Souza, que é gay e se orgulha de levantar a bandeira LGBTQIA+.

Os desafios

Mesmo com tantos avanços, há um longo caminho a ser percorrido e, no mercado de trabalho, os desafios ainda são muitos. Os índices de desemprego, que já são alarmantes no país, são ainda maiores  entre os LGBTQIA+. A Aliança Nacional LGBTI estima que o desemprego possa chegar a 40% na comunidade LGBTI, e a 70% na população trans.

Uma pesquisa feita com profissionais  LGBTQIA+ pela Consultoria de Engajamento Santo Caos em 14 estados brasileiros mostrou que:

– 41% dos gays afirmam ter sofrido discriminação por sua orientação sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho,

– 33% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBT para cargos de liderança,

– 61% dos funcionários LGBT no Brasil optam por esconder a sexualidade de colegas e gestores.

Isto cria uma grande dificuldade para os profissionais, já que é impossível dissociar quem somos em casa daquilo que somos no ambiente de trabalho. Quem precisa esconder o que de fato é, acaba se tornando até menos produtivo. Uma pesquisa da Out Now mostra que 75% dos LGBTQIA+ declarados acreditam que são produtivos no trabalho, enquanto esse número cai para 46% entre os que não falam sobre a questão.

O que é preciso mudar

Para que essa realidade se transforme, as empresas precisam mudar e tratar todos os seus profissionais de forma inclusiva. Esse ambiente onde existe mais respeito torna-se também mais produtivo e lucrativo. Um dado divulgado pela consultoria McKinsey mostra que empresas diversas e inclusivas lucram 30% mais. Isso porque as empresas não são ilhas, elas interagem com o mundo, com pessoas e precisam estar adequadas aos novos pensamentos.

O RH tem papel decisivo nessa transformação. É preciso começar a falar sobre a diversidade sexual e deixar claro qual é a cultura da empresa em relação a isso, criar uma política específica e estabelecer como devem ser as atitudes das pessoas nesse ambiente e as consequências para quem não tem respeito e empatia.

É importante trazer informações sobre esse assunto para as pessoas. Assim como as empresas já abordam rotineiramente temas sobre segurança e saúde em suas Semanas de Prevenção de Acidentes (Sipats), por exemplo, elas também devem incluir como tópico fundamental a questão da diversidade sexual.

Afinal, muitos líderes não sabem como lidar com o assunto. É necessário treinar as pessoas, trazer informações, compartilhar conhecimento e mostrar comportamentos adequados de acolhimento e respeito.

A empresa precisa deixar claro aos profissionais LGBTQIA+ os direitos que eles têm, que podem falar abertamente, que não serão preteridos em novas oportunidades de crescimento, e o que devem fazer quando sofrem alguma discriminação dentro da empresa. O RH tem que trazer o assunto e precisa também monitorar, avaliar se há progresso.

Quem não sabe nem por onde começar, pode buscar exemplos de empresas que já estão à frente na questão da diversidade sexual. O Instituto Great Place to Work (GPTW) publica um ranking com as melhores empresas para trabalhar LGBTQI+. Na lista de 2021,  nos primeiros lugares estão IBM, Bristol Myers Squibb e ACCOR, que já têm práticas consolidadas nessa área.

O importante é começar de alguma forma. Não há mais espaço para ser somente isento, sem apoiar com ações claras a diversidade sexual nas empresas.

Comece a aplicar isso na prática e conte pra gente o que já está fazendo no seu local de trabalho.

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