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Etarismo: o que podemos fazer sobre isso
O caso recente de uma recrutadora que respondeu a um candidato de 45 anos dizendo que ele “passou da idade” para a vaga viralizou na internet e trouxe à tona a necessidade de falarmos e, principalmente, agirmos sobre o etarismo. Também chamado de ageísmo ou idadismo, ele é o preconceito e a discriminação por causa da idade da pessoa.
Antigamente, chegar à velhice era uma raridade, mas já faz tempo que o cenário começou a mudar no Brasil. De acordo com o IBGE, em 2030, a perspectiva é que o número de pessoas com mais de 65 anos seja maior que o de crianças no país. A PwC aponta que em 2040, 57% da força de trabalho no Brasil será composta por profissionais acima de 45 anos. No entanto, atualmente, conforme o GPTW, apenas 5% das pessoas com mais de 50 anos estão empregadas nas organizações. É um número muito baixo e que precisa mudar. Afinal, a diversidade etária traz impactos positivos e deve ser colocada em prática, seja por responsabilidade social ou por estratégia das empresas e também do governo.
A convivência entre as diferentes gerações desenvolve a diversidade cognitiva e os profissionais 50+ agregam muitas vantagens. Eles costumam ter um maior tempo de permanência nas empresas, têm menores índices de absenteísmo, uma rede de relacionamento mais ampla, além do grande conhecimento acumulado e mais facilidade para realizar diagnósticos e resolver problemas. Nessa fase da vida, também já estão com maior equilíbrio emocional e são reconhecidos por ter um maior cuidado e paciência no atendimento aos clientes. Quando são preteridos nas empresas, normalmente os argumentos estão relacionados a menor capacidade de inovação, dificuldades com as novas tecnologias e na parte burocrática, a questão dos planos de saúde mais caros em relação aos mais jovens. Pontos que podem ser contornados com as soluções adequadas e o empenho de todas as partes envolvidas: os profissionais, as empresas e o governo.
O que os profissionais podem fazer
Há uma escassez de mão de obra qualificada como nunca tivemos antes e o mercado quer e precisa de profissionais com mais de 50 anos. Para conseguir mostrar seu valor e se inserir nessas oportunidades é preciso se atualizar e acompanhar as mudanças no ambiente de trabalho.
Aprenda mais sobre o uso da tecnologia, busque conhecimento técnico e também de novas habilidades comportamentais valorizadas pelo mercado como: criatividade, resolução de problemas complexos e liderança. Hoje é possível encontrar muita informação e formação na internet a custo zero.
Mantenha sua curiosidade e fique aberto a diferentes possibilidades como o trabalho híbrido e remoto. Todos precisamos desaprender e reaprender num mundo de constante mudança.
Não se deixe intimidar por negativas, amplie seu leque, busque alternativas ao tradicional modelo CLT. Você pode trabalhar com terceiro, prestador de serviço, meio expediente, prestando consultoria ou até mesmo empreender seu próprio negócio, usando toda a sua experiência adquirida até aqui.
Mantenha-se ativo, exercite-se, alimente-se bem e celebre a vida. Nós tendemos a viver até os 80 anos com facilidade, há inúmeros casos de pessoas que já passaram dessa idade e continuam ativas e produzindo, por que você seria exceção?
O que as empresas podem fazer
Como gestor de empresa de recrutamento e seleção especializada, tenho conversado com diferentes organizações e a maioria se posiciona a favor de contratação de 50+ ou não demonstra preconceito. No entanto, ainda estão numa posição passiva. É preciso discutir o tema e colocar em prática ações mais afirmativas.
Defina um código de conduta para tratar de DEI (Diversidade, equidade e inclusão) que englobe o etarismo.
Treine suas áreas de gestão de pessoas e seleção para que coloquem em suas listas de candidatos aqueles mais maduros e façam a defesa de seu perfil para os requisitantes.
Treine também os líderes para lidarem com o tema com empatia, generosidade e inclusão, para que nos momentos de decidirem por uma contratação consigam ver as vantagens de um time mais diverso.
Desenvolva programas com seleções específicas para os profissionais 50+.
As medidas por parte do governo
DEI não é pauta de minorias. É pauta da sociedade. E a falta de uma solução terá consequências. O estado precisa criar melhores condições que incentivem e facilitem as contratações das pessoas com mais de 50 anos. Além de sensibilizar e educar a população e empresas, poderia estabelecer medidas para diminuição de encargos para quem já se aposentou ou tem mais de 60 anos, ou alternativas para redução dos custos dos planos de saúde desta faixa etária. Uma legislação especial com incentivos ou cotas poderia surtir grande efeito, a exemplo do que já existe para profissionais PCD.
Enfim, o Brasil envelhece a passos largos e este é um problema que precisa ser encarado. Se a sociedade, o estado e as empresas não se unirem na resolução desta causa, fatalmente o país pagará um alto preço de pessoas desesperançadas e sem renda, dependentes de auxílios governamentais e com uma qualidade de vida muito ruim, porque como diz o ditado, ócio é a oficina do diabo.
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